Então a alma segue o rumo do mundo.

Um sonho de vidro
Uma blindagem
Um favor às obrigações.

Pequenos fios de cordas a se vestir.
Tecido blindado.
Com que roupa eu vou?

Mas eu vejo a cor da pele
O explícito mundo nu.

(in-discreto . Feira Livre de Domingo - Juiz de Fora - MG - dezembro/2013)

Eu vejo uma clara certeza do foco,
Quando me formo em forma,
Quando o espelho é a minha luz.

Quem sou eu na penumbra e claridade?
Sou eu...

Que me crio com tudo.
Salvo os contrastes.
Em todo foco eu vejo uma luz.

(fade in. Juiz de Fora - MG - julho/2011)

Eu sempre encontro, num susto, a minha selva. E de hora em hora vou correndo meu perigo. Vendo corpos entroncados. Vendo fragilidade nas formas. Fingindo a ignorância. Encontrando eu lá. Mas sabe? Isso pra mim é mentira! Tem sorriso na força, tem abraço num choro, tem carinho num grito. Eu acredito no bem de raiz. Daí vem o meu perigo: eu vejo nas costas do outro o meu recado. Assim finjo que eu não estou nele. E ele finge que não está em mim. E a gente vive nossa vontade por um mistério com fim, uma peça de amor e de medo.  

Eu quero confessar que eu tenho vergonha. Esta natureza bruta, tão humana, não é a natureza dos instintos. 

É a dos extintos humanos.

(o fim. - Juiz de Fora - MG - abril/2011)

Eu sou sem ver
A parte forte da parte fraca,
Um lado a mais
Ou a menos de tudo.

A realidade de uma boa ficção.

Uma inevitável impaciência por mais.
Uma forçada certeza de menos.
A violência de não ter tão pouco tudo nem muito nada.

Só ter
A vontade de só ser.

Deus, você está certo.
A minha alma é mesmo minha.

(acho graça no excesso de dimensões - Juiz de Fora - MG - abril/2011)

Eu sei que quando eu não sei,
acontece.

Quando eu sei,
acontece.

Quando eu quero e não quero,
acontece.

Deus!
Acabo sempre voando por firmar tanto meus pés num chão que não tem lugar.

Acontece.

(santíssima dúvida além de mim. Orla Malecon - Havana - Cuba - maio/09) 

alguma coisa na minha mão tocava pra frente as andanças,
e eu lá pedalando, vendo tudo.

a sensação é que a direção vinha quando eu via.
e o caminho ia ficando grande... me via.

Quando alguém ruma as direções certas,
pra quê o caminho?

acredite! minha bicicleta me criava só de vento...

(o bem que fazem histórias que fazem bem. Mariana-MG. jun/10)

Tem alguma coisa não vista
Alguma coisa não dita
Não ouvida entre os homens e mulheres.

Uma ciência com base no mistério do ato.

Um estudo profundo do sorriso,
Leituras atentas do abraço,
Escuta apurada do coração.

A escola da paz no tempo.
A ciência do ato no espaço.

A paz e a ciência unidas em nós.
O sabor de um fruto doce das nuvens.

A Pazciência do espírito.

(por um pouco mais de paciência humana - Museo del Carnaval - Santiago de Cuba - maio/2009)

Que as forças se unam no mistério do outro
Tamanha jornada sem tempo nem espaço
Onde o nada preenche tudo.

O outro eu do outro lado do eu.

Tenho alguma coisa que me cala com palavras.

(falo silêncio - Barca na Ilha de Caio Gramma, Cuba - maio/09)

Assim, o jovem Humano senta numa pedra e olha para o céu:

- Deus, como é possível que eu seja feito espírito? Se o meu desejo é ter vontade, se a minha gana é querer mais, se minha falta nunca falta, mas sempre permanece?

- Mas, Deus! Como é possível que eu seja feito de carne? Se o meu sonho é realidade, se o meu destino é o meu caminho, se o mistério inteiro sou eu?

Então a pedra virou água, e Deus disse para o jovem Humano que nadava na pedra:

- O verbo só faz carne se há espírito entre os dois. E você está molhado porque é assim que a pedra sonha.

(assim sejam - Cabo Polônio - Uruguay - jan/2010)

escutei um anjo hoje.

- Ei! Tem verdades que não são para os olhos.
- Vai virar criança quando crescer!

(a eterna visão da infância para os homens! - Colônia Del Sacramento - Uruguay - jan/2010)

Escura linda história por trás de mim
Sombras sem marcas de um caminho feito.
Eterno mistério que toma sombra na luz inteira.

Talvez você não me entenda.
O mistério não tem palavra.
Tem riscos de riscos do mal-dito!

Mal dita força da garganta!

Mal dito dito que nao diz
Mal dita palavra da boca!

A boca sozinha não tem coração,
O som isolado não tem voz,
A garganta não canta sem vontade!

Eu preciso estar lá,
Onde o coração bate
Onde a voz solta um tom
Onde o som vibra uma realidade.

Bem dito caminho de terra da verdade!
Sentidos brotam do chão

Eu sei que faço da pedra, terra!
Que eu broto com um pingo d água
Que eu faço cristal da lama suja!

O que eu digo pode não ser de tudo um som ,
Mas eu por inteiro sou assim, de terra!
Terra nascendo, viagem eterna de crianças e adultos.
Caminho longo do mistério sem voz.

O bem e mal dito silêncio, planta chuva nos céus...

(está chuvendo. Distrito de Antônio Carlos, Borda do Campo – MG, dez/2010)

Não me basta ter o que fazer com as alegrias
Se tenho planos para um choro fugido.

(uma dança que sobrou. Cuba, maio/09)

Marcas de mim na Terra
Algo de mim no céu.
Meu som no ar.

Eu busco uma dimensão.

(na estrada, em São Tomé das Letras - MG, out/2010)

UM BOM COMEÇO... DE NOVO

Desta vez, preferi fazer diferente. Pela primeira vez no blog, decidi postar um trabalho a la 'cine-grafias' mas sob forma de vídeo. Esta foi uma maneira de deixar o meu recado de final de ano para vocês de um jeito especial.

O vídeo é uma compilação de alguns textos meus unidos a outros que passaram a existir no momento da edição. As imagens...bom, é melhor não dizer nada! Estão lá pra sentir ... mas dizem que a vertigem é a angústia da liberdade. (risos)

Espero que sintam a força de novos ciclos que estão por vir! E eu desejo que todo o movimento das suas vidas seja sempre definido pela vontade. Eu realmente desejo isso a todos vocês!

Grande abraço especial de final de ano!!!

FELIZ DOIS MIL E ONZE!!!!

Em cada silêncio eu encontro o meu descanso.
Em cada pensamento eu encontro meu corpo.
Tempo parado no meu espaço.

Eu quero a paz do movimento das nuvens
Eu quero o som das árvores
A vista fresca do invisível.

Não há nada a fazer com o destino do vento
Nem do meu sorriso.

Assumo a graça de ser eterno!

(um sorriso no caminho do vento - interior de Minas - nov/2010)

às vezes me sinto uma geometria infinita,
de complexos figurados da vontade.
um desenho
um desejo.

a espera de chegar num mundo livre de fundo,
onde passam pessoas feitas de fato, de força, de vista.
onde encontro amor por tudo o que me visita.

(figuras da inocência, fundo certo da paz - praça da estação, Juiz de Fora - MG - nov/2010)

Que Deus proteja os homens
Do poder de ser,
E poder.

Do poder de vencer,
E ter poder.

Do poder de encontrar
Um poder.

Que não seja o meu silêncio a matéria negra da guerra.
Eu não posso escolher na escuridão.
Voto cego pela paz.

(demo-cracia; Juiz de Fora - nov/2010)

É difícil,
sentir o ritmo
sem a música.

dançar o som,
sem vibração.

ser o movimento
sem espaço.

Que o ritmo da fé te faça coragem,
Que a vibração da vontade te permita o risco,
E que o movimento encontre as suas linhas.

Que o som do coração seja o sinal da vida.
De todos, pra todos.

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A beleza me seduz ao grau máximo do sentimento humano. Me leva a um riso no canto da boca e uma sensação sacana de coragem de ser. A humanidade pura me excita um gozo de ver gente sabendo ser gente.

(Cabaret San Pedro Del Mar - Cuba - maio/09)

Em cada sonho, alço um vôo eterno
Na altura do que sou acordado.

É o rumo da escolha do destino
De um tal eu que voa no chão.


(mas a vida e a morte me lembram que no infinito não há gravidade. Eu busco mesmo é o vôo da alma - Buenos Aires - jan 2010)

Ser a sombra e a luz integral
Escutar um som que não é seu
Sentir um pulso que não é das próprias veias

Ver a diferença como mistério da vontade
De ser único juntos,
Numa união invisível entre histórias.

Rolar entre os dois pólos da graça
De ser um, tão único... e poder ver dois.
Ser um e ter dois.

Companheiros de uma longa jornada invisível.
Amores entre dentros.


(grifo o amor, forma única invisível - Museu del Carnaval - Cuba/2009)

Por vezes eu acredito que o meu destino é um vento
Que me traz um passo a mais no centro,
Por dentro.

É muito frio que refresca, é muita luz que não esquenta.
Por onde quer eu vá
Por onde quer que eu seja.

E é verdade.

O meu destino é um começo
De um estado infinito de partida.

Eu quero tudo de um caminho longo...
Tudo.

(permaneço no caminho, descobrindo caminhantes - interior de Minas - out/2010)

Eu tenho a sorte de ser maior que eu
E menor que o mundo.

Eu aceito o desafio eterno de nascer.


(numa ilha em Cuba, vejo um olhar crescido - Caio Gramma - maio/09)

E o silêncio prova que une pensamentos...

(...e colore espaços - Caminito, Buenos Aires - jan/2010)

O meu destino é encontrar a luz da minha própria sombra.


(e assim muitos sonham - no interior de Minas, uma cena eterna. out/2010)

O dever dos homens
É salvar a si mesmo
Do dever dos homens.

(a civilização é uma conquista? - Buenos Aires - jan/2010)

Ah! O Tempo...
Faz a dureza da vida ser contada para o fim.
Faz saudade virar sentimento
Faz a memória no peito.

O tempo é um veneno doce que não mata.
É escravidão sem cercas
É a lembrança escolhida pra ser um sentimento.

Ele é sempre o dono de quem precisa
O piso de quem cresce
O teto de quem não voa.

Assim escolho o meu veneno doce.
E espero que o tempo me faça ser melhor a qualquer minuto.
Para que numa nuvem qualquer do céu
Eu pise.

Nas alturas nunca encontro as horas...

(o tempo de subir é infinito - interior de Minas - out/2010)

Que a liberdade me faça ver.
Que a liberdade me faça ser.
Que ela me faça sentir
Sempre mais um místico sentimento inseguro de sonhar verdadeiro.

(crespúsculo: a hora do sentimento dos seres - São Thomé das Letras - MG - set/2010)

que todo limite faça sentindo
para que toda minha gana
tenha um motivo de ser.

Eu perdôo a vida pelo risco....

(primeira foto do blog aparentemente sem alguém. Mas se olhar bem fundo, pode sentir a humanidade por trás das frágeis cercas - Castillo Del Morro - Santiago de Cuba - maio/2009).

Por onde eu caminho, nasce um destino.
As escolhas me fazem quando feitas.

O meu lugar é em mim.


(interior de Minas, maio - 2010)

Enquanto os pássaros conhecem o limite do mundo porque voam alto,
Nós vemos o infinito porque tocamos o chão.


(talvez o céu seja um sonho dos terrestres, e a Terra o sonho daqueles que voam. No caminho de Buenos Aires para Colonia del Sacramento - jan-2010)